Nos alvores da nacionalidade, a obtenção de uma “Honra” representava uma recompensa por serviços prestados à realeza e garantia uma série de privilégios. Atualmente, o título não pode ser usado. No entanto, a Quinta de Azevedo lançou o seu topo de gama retomando a honraria para fazer jus a um dos melhores vinhos da região dos Vinhos Verdes e do panorama vínico nacional.
A particularidade e os privilégios do título Honra
O título Honra foi uma manifestação do poder medieval umbilicalmente ligado ao movimento da reconquista cristã que se instituiu nos primórdios da nacionalidade. A Honra, uma distinção relativamente rara, concentrou-se no Norte do País, especialmente entre os rios Douro e Minho. A obtenção de uma Honra representava uma recompensa por serviços prestados à realeza e afiança um conjunto de privilégios, tal como a dispensa do pagamento de impostos e o direito de administrar a justiça.
A Casa-solar dos Azevedo datada do século XI, localizada próximo de Barcelos, foi utilizada pela primeira vez por D. Guido Viegas de Azevedo, que governou um vasto território desde o além Cávado até Braga e Lanhoso. Desta família surgiram vários cavaleiros que ajudaram a construir e consolidar o reino de Portugal e, por isso, terá sido com naturalidade que a família Azevedo viu as suas propriedades serem reconhecidas como Honra, sendo mencionadas como tal nas inquirições gerais de 1258.
A compra pela Sogrape e transmutação em Quinta de Azevedo
Com o passar dos séculos instalou-se uma longa e penosa sombra de abandono sobre a casa-solar. No entanto, no ano de 1982, Fernando Guedes tomou a iniciativa e a Sogrape adquiriu a vetusta propriedade. Como referiu Fernando da Cunha Guedes, “durante os quatro seguintes anos, os meus pais, auxiliados pelo arquiteto Eduardo Rangel, dirigiram as obras de restauro e decoração do solar utilizando mobiliário anterior ao século XIX”.
Continuou referindo que “concomitantemente foi iniciado um estudo sobre as castas que melhor se adaptariam aos terrenos iniciais da propriedade. Atualmente, a Quinta de Azevedo apresenta 24 hectares de vinha, de um total de 34, apenas com a Loureiro e a Alvarinho e ainda um pequeno campo experimental com cerca de 1 hectare”.
O lançamento da referência Quinta de Azevedo Honra
No âmbito do projeto de restauro levado a cabo por Fernando Guedes, a antiga horta, outrora abandonada, foi transformada num jardim que se estende à frente do solar. Este foi o local escolhido para receber os convidados do evento e reapresentar as restantes referências que compõem o portefólio da Quinta de Azevedo. No entanto, o topo de gama intitulado Quinta de Azevedo Honra foi apresentado no meio dos vinhedos da quinta.
Este novíssimo vinho só será lançado nos melhores anos e é composto pelas castas Alvarinho (70%) e Loureiro (30%) da colheita de 2022. O lote estagiou durante 16 meses em barricas de 500 litros e tonel de 2500 litros, num total de 16 meses, interpolado de um ano em cubas de inox. Desta referência foram produzidas cerca de 3500 garrafas com um custo final de 60 euros por unidade.
É um dos melhores vinhos da região e do panorama vínico nacional. A Quinta de Azevedo mostrou que a distinção “Honra” continua a fazer sentido, agora sob a forma vínica.


